terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Davi - Angústia e Clamor diante de Deus

“Na minha angústia, clamei ao Senhor; clamei ao meu Deus. Do seu templo ele ouviu a minha voz; o meu grito de socorro chegou aos seus ouvidos”. II Sm 22:7 NVI

A paz de Cristo. Dando seqüência aos estudos do Antigo Testamento, abordo hoje II Samuel. O verso que cito acima é uma declaração de Davi, é um cântico entoado em um momento em que Deus havia livrado Davi das mãos de todos os seus inimigos e das mãos de Saul. (II Sm 22:1)
Em toda a Bíblia Sagrada encontramos homens e mulheres que durante a sua vida prestaram adoração a Deus, mas não houve ninguém como Davi. Cantar e dançar ao som de todo tipo de instrumento era algo corriqueiro na vida do rei Davi. E o interessante é que, ele não só adorava com excelência, como a nação de Israel ao vê-lo adorar, também adorava a Deus com imensa alegria. (II Sm 6:6)
Ao olhar para o cântico que Davi ofertou a Deus, eu entendo que ele adorava ao Senhor de tal maneira por duas razões:
1) Davi conhecia bem o Deus que ele servia e cria. O cântico entoado no capítulo 22, a partir do verso 2 demonstra isso com clareza: O SENHOR é o meu rochedo, e o meu lugar forte, e o meu libertador. Deus é o meu rochedo, nele confiarei; o meu escudo, e a força da minha salvação, o meu alto retiro, e o meu refúgio. Ó meu Salvador, da violência me salvas... Podemos até dizer que esse cântico é uma declaração de amor a Deus. Aleluia!
2) Davi conhecia bem a si mesmo. Conhecia bem a sua maneira de viver: Recompensou-me o SENHOR conforme a minha justiça; conforme a pureza de minhas mãos me retribuiu. Porque guardei os caminhos do SENHOR; e não me apartei impiamente do meu Deus. Porque todos os seus juízos estavam diante de mim; e de seus estatutos não me desviei. Porém fui sincero perante ele; e guardei-me da minha iniqüidade. E me retribuiu o SENHOR conforme a minha justiça, conforme a minha pureza diante dos seus olhos. (II Sm 21-25)
Davi conhecia bem a Deus porque estabeleceu uma relação de intimidade com o Senhor. Só alguém íntimo de Deus é capaz de atribuir tais adjetivos ao PAI com tanta naturalidade.
Davi também conhecia a si mesmo. Ele viveu momentos de angústia fugindo de Saul; viveu momentos dificílimos com seus filhos que nasceram em Hebrom: Amnom, Quileabe, Absalão, Adonias e Itreão; arcou com a punição pelo adultério com Bate-Seba; não pode construir o templo ao Senhor, passando a missão a Salomão; errou ao fazer o recenseamento e foi penalizado. Enfim, Davi teve inúmeros acertos e erros, mas foi um homem segundo o coração de Deus, um verdadeiro adorador, alguém que não oferecia a Deus algo que não lhe custasse nada. E por fim, foi um homem que na hora da angústia colocava o rosto no pó e clamava a Deus por socorro com um coração quebrantado, despindo-se da túnica de rei e colocando a túnica do maior adorador que a terra já contemplou.
Se você está passando por lutas, provações, vales e decepções, siga o exemplo de Davi e declare: Contigo posso avançar contra uma tropa; com o meu Deus posso transpor muralhas. (II Sm 22:30)
O Senhor vive! Bendita seja a minha rocha! Exaltado seja Deus, a Rocha que me salva, que salva a todos nós. Bendiremos ao Senhor o tempo todo.
Que Deus te abençoe. Fica firme, Deus é fiel.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Israel e sua crise de Identidade

“...escolhe agora um rei para que nos lidere, à semelhança das outras nações”. I Sm 8:5b NVI

A paz de Cristo. Hoje escrevo acerca do primeiro livro do profeta Samuel. O trecho bíblico citado mostra as autoridades de Israel colocando o profeta Samuel contra a parede e pedindo um rei à semelhança das outras nações. É interessante essa palavra “semelhança”, já que, a nação de Israel poderia ser muitas coisas, menos semelhante a outras nações, pois sua história peculiar não lhe permitia comparar-se a nenhuma outra nação da face da terra.

Israel, de acordo com a Bíblia, foi a nação formada pelas 12 Tribos, um povo descendente de Abraão, Isaac e Jacó. Sob a liderança de Josué os israelitas conquistaram a terra de Canaã, abandonaram o nomadismo e se estabeleceram nas terras conquistadas, dividindo o território entre as 12 tribos. Contudo não existia um verdadeiro poder central e cada tribo governava a si própria. A união entre as tribos era tão frágil que por vezes guerreavam entre si. Em um momento raro de união, Israel decidiu abandonar a Teocracia e instaurar a Monarquia. Decidiram abandonar o governo divino e submeter-se ao governo humano. Vale lembrar que quando o povo de Israel estava acampado ao sopé do Monte Sinai, Deus disse por intermédio de Moisés: "Vós mesmos vistes o que fiz aos egípcios, para vos carregar sobre asas de águias e vos trazer a mim. E agora, se obedecerdes estritamente à minha voz e deveras guardardes meu pacto, então vos haveis de tornar minha propriedade especial dentre todos os outros povos." Os israelitas responderam: "Tudo o que Jeová falou estamos dispostos a fazer." (Êxodo 19:4, 5, 8) Celebrou-se um pacto e nasceu a nação teocrática de Israel. – (Deuteronômio 26:18-19).

A pergunta que me incomoda e levou-me a escrever este artigo é: Será que o povo de Israel não sabia quem era? Havia uma crise de identidade instaurada neste povo Kadosh de dura cerviz? No grego bíblico, "teocracia" significa governo [krátos] de Deus [theós]. Que governo melhor poderia haver do que o do próprio Deus? Após contemplar tudo que Deus fez, simplesmente abandonaram-NO como algo descartável e fizeram requerimento de algo que segundo os seus interesses egoístas pareceria ser melhor.

À semelhança da atitude da Nação de Israel, nós, que, por receber a Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador, também nos tornamos Israel de Deus, o povo eleito, da aliança e da adoção, povo do qual Deus chamou para uma relação de amor e comunhão, também sofremos crises de identidade e tais crises têm nos levado a copiar o mundo e a esquecer-nos de qual modelo/padrão de vida devemos realmente seguir. Quem é quem tem governado a nossa vida? Quais princípios têm guiado a nossa vida? A palavra de Deus declara: "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança." (Sl 33.12)

Quem está no controle da sua vida? Permita que o Rei dos reis, Senhor dos senhores, Pão da vida, Estrela da manhã, Bom pastor, Leão de Judá, Carpinteiro, Pedra Angular, Cordeiro de Deus, Meigo Nazareno, o Senhor Jesus Cristo reine em seu coração por toda a eternidade.

Em Cristo,
Anderson Vieira

Sofrimento Humano

Uma observação rápida nos jornais é suficiente para nos chocarmos diante de tanta violência e auto-destruição: uma garotinha de 11 anos morta na garagem do edifício de seus tios, espremida entre o carro e uma pilastra; o Estado preocupado com o uso das "buzinas" como droga, entre a juventude, no período do carnaval; bebê que leva um tiro dentro de um ônibus durante tentativa de assalto; violência aumentada no Quênia devido a guerra entre tribos que já levou a morte quase 1000 pessoas. O sofrimento humano nos encontra e nos deixa vulneráveis a todo instante. As perguntas que geralmente surgem em momentos assim são: Onde Deus está? Por que Deus não termina com esse sofrimento? Se Deus é bom por que tanta maldade causadora de tanto sofrimento? Se Deus é Todo-Poderoso por que não demonstra poder e vontade em acabar com todo esse sofrimento? Por que seu silêncio e aparente apatia diante de todo o sofrimento humano?

Jesus, como afirmam alguns, não veio aqui apenas para ser um Profeta, ou uma "pessoa iluminada". Além de nos trazer salvação, por sua morte e ressurreição, Jesus inaugurou um novo Reino, onde, neste, a vontade de Deus é realizada tanto quanto existe no céu. Um novo Reino, com novo estilo de reinado, com o fim de uma nova humanidade. Ou a restauração desta. Neste novo Reino, uma de suas marcas seria a solidariedade. Por esta, muito dos sofrimentos seriam sanados...ou minimizados. Quando Jesus tocou em leprosos, gente que ninguém poderia tocar na época, ele não queria apenas curar aqueles doentes, ele pretendia curar a humanidade de sua natureza excludente, preconceituosa e insensível. Queria nos ensinar sobre solidariedade. Quando Jesus envergonhou aqueles homens que queriam apedrejar a mulher pega em adultério, afirmando que só deveria atirar pedras quem não tivesse pecado, ele não queria apenas "livrar" a mulher das pedradas. Não só isso. Ele queria ensinar que em seu Reino, a humanidade deveria se despir de toda hipocrisia, inclusive religiosa, que lotam os templos e que pregam piedade e religiosidade mas que não consegue enxergar os pecados dos outros como dignos de serem ajudados e, ainda, que impede de nos vermos como iguais, como pessoas potencialmente capazes de sofrer os mesmos problemas e cometer torpezas tanto quanto o outro. Sem distinção de gênero, de cor e muito menos de função, pois muitos de nossos títulos apenas nos servem de esconderijo para nossos desvios morais travestidos de piedade.

Se aprendêssemos com Jesus, nos importaríamos menos com nossas estruturas materiais eclesiásticas e mais com nosso próximo - e este pode ser encontrado em qualquer estrada diária (tal qual o samaritano da Bíblia); enxergaríamos os olhos marejados por tanto sofrimento; perceberíamos, no trabalho, aqueles que lutam internamente – e silentemente – com tantos problemas e que necessitam de um amigo com quem dividam as cargas; leríamos os jornais e as más notícias como sendo co-responsáveis para buscarmos mudanças e transformações sociais, mesmo que em nível micro: em nossos ambientes de trabalho, em nossa casa, em nossa rua; olharíamos para os pobres como Jesus os enxergou - "sempre que deste um alimento, um copo de água a um destes pequeninos, a mim me deste...sempre que os cobriste...a mim me cobriste...".

Solidariedade। Amor ao próximo. Os valores de um Reino. Não de uma religião. Não de um movimento. Não de uma instituição. Valores de um novo Reino, que busca simplesmente tornar homens, em homens semelhantes a Jesus. Que foi homem. Que viveu entre nós. Que nos ensinou a ser homens. Uma nova humanidade. Como a que Ele criou. Um retorno. Diante do sofrimento Deus nunca esteve apático, ausente. Nos enviou Jesus para nos ensinar uma nova consciência de como deveríamos viver. Solidariedade.


Texto escrito pelo irmão Tales Messias.